sexta-feira, 3 de julho de 2009

O PROBLEMA COM A GRAÇA


A graça é o “alimento pronto” da dieta espiritual?Será que o bem imerecido seria a guloseima dos preguiçosos?Por definição, graça é um “favor imerecido” que Deus utiliza para demonstrar a bondade que não merecemos. Aproxima-se muito da Sua misericórdia, através da qual, Ele retém a punição que merecemos.

O problema com a graça é que ela pode ser mal compreendida e mal utilizada para tirar de nosso interior, o pior que temos a oferecer.


• Aqueles que pensam que merecem os benefícios que não receberam podem tirar vantagens da graça.

• Aqueles que praticam o erro, com a intenção de pedir perdão em outra oportunidade, podem encará-la como uma rede de proteção.

No entanto, há o outro lado da graça, que todos os abusos e más notícias no mundo não mudaram.

O bom sobre a graça é o fato de poder trazer o melhor do nosso interior, mais do que qualquer ameaça moral, desafio, ou educação jamais poderiam. Mais do que qualquer droga, sonho ou boa sorte a graça pode levantar o espírito e fortalecer o caráter de qualquer pessoa que descobre o quanto precisa dela, como ela está disponível e basta apenas pedi-la, e como Deus está pronto a dá-la àqueles que se humilham perante Ele (Tiago 4:6).

Não precisamos nos preocupar se a existência desta graça imerecida é boa demais para ser verdade, pois esta é uma das revelações mais maravilhosas contidas na Bíblia. De acordo com a sabedoria que transforma a vida, que encontramos na Bíblia e nossa própria experiência, já devemos nossas vidas e a eterna gratidão, ao que os teólogos chamam de a ordinária graça de Deus.

A ordinária graça refere-se aos incontáveis, imerecidos, dons naturais e bens que Deus nos deu e que tornam nossas vidas possíveis e mais confortáveis.
Jesus falou sobre este tipo de graça ao ensinar que Deus concede o sol e a chuva a todos nós, sejamos nós, amigos de Deus ou não (Mateus 5:43-45; Lucas 6:35).

O apóstolo Paulo estava referindo-se à ordinária graça quando escreveu “o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria” (Atos 14:16-17).

Somos tão dependentes da ordinária graça que nem podemos alcançar Deus com nossas mãos abertas, ou punhos cerrados, sem a vida e força que Ele nos concedeu.A ordinária graça, no entanto, é somente o início do favor imerecido de Deus, para nós. De acordo com o apóstolo Paulo, nossas vidas dependem da misericórdia de Deus, que por conseguinte, nos leva a um tipo de graça mais individualizada (Romanos 2:4).

Os teólogos falam de uma segunda demonstração do favor imerecido de Deus que nos é concedido através da fé. A graça redentora refere-se ao que Deus está pronto a fazer àqueles que confiam em Sua livre oferta de resgate em Cristo.

O apóstolo Paulo tinha em mente a graça redentora de Deus quando escreveu “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Romanos 5:1-2).
Se realmente entendemos o que estava por trás dessas antigas palavras tão inspiradas, tenho certeza que seria difícil conter a alegria e o sentimento de admiração.
Se realmente entendemos a graça, provavelmente cantaríamos, dançaríamos, gritaríamos ao ponto de exaustão, e então cairíamos em estado mental mais sereno, calmo, e grato, antes retornar à estrada desta maravilhosa jornada de fé!
É difícil exagerar sobre a importância da graça redentora. Nada vale mais do que o relacionamento com Cristo, oferecido livremente, mas que não merecemos. E jamais poderemos retribuir-lhe.Mas este também é o momento de darmos mais um passo na estrada da realidade. Generoso como Deus é com Sua graça ordinária e redentora, Ele é sábio, e bom o suficiente, para permitir a lei das consequências sociais no processo.


Seria inimaginável viver num mundo sem a graça, seria ainda pior viver num mundo sem consequências. Sem medo das consequências, estaríamos propensos a querer o sangue pelo sangue, daqueles que, após nos ferirem, precisassem de nossa ajuda.
Uma das maravilhas da graça é o fato de ela poder agir em vidas destroçadas com sua bondosa sabedoria. Como a sabedoria da graça não surge de nossas próprias forças, ela nos capacita a equilibrar o favor imerecido de Deus com as melhores consequência da justiça.

Graça e consequência. Graça que perdoa as pessoas do mercado financeiro que estão arrependidas pelas falcatruas praticadas contra fundos de investimentos, não lhes permitirá serem responsáveis pelo controle dos recursos financeiros da empresa. O favor imerecido pode facilitar a restituição para apagar o mal anteriormente cometido.

A graça que perdoa um pedófilo arrependido não permitirá que esta pessoa conviva livremente com crianças, sem supervisão. O favor imerecido oferecerá aceitação e limites razoáveis como maneira de redimir uma vida perdida.

Graça que demonstra misericórdia a um funcionário que repetidamente falhou em cumprir as exigências do trabalho, não exige a continuidade de empregar aquela pessoa. O favor imerecido pode ser demonstrado ao conceder uma indenização justa e ajudá-lo a encontrar um trabalho que seja melhor para a capacidade daquela pessoa e necessidades do momento.
Graça que perdoa um cônjuge por abuso, adultério, ou abandono, pode significar o término de um casamento. A bondade imerecida será própria em um relacionamento adequado, não atingido por mágoa e rancor.

Em cada um destes exemplos, a graça de alguma maneira reflete um favor imerecido consistente com a ordinária graça e redentora de Deus. Não significa que ignoramos o passado, mas esta graça resgata o futuro.

Oração: Pai celeste, juntos reconhecemos que o Senhor nos mostra este tipo de graça, no preço que o Teu Filho pagou por nosso resgate. Perdoa-nos por considerar a graça que Ele comprou por nós como se fosse um alimento pronto, tipo fast-food. Novamente, levantamos nossas mãos agradecidos por Teu favor imerecido, enquanto oramos, “Dá-nos hoje o pão diário, e perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos os nossos devedores…”.

Mart De Haan

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