sábado, 5 de setembro de 2009

ASTIGMATISMO MISSIONÁRIO



“Este, recobrando a vista, respondeu:
Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando”. (Mc. 8:24)


Certa feita Jesus curou um cego que ao ver num primeiro momento enxergava de forma nublada, confusa, pois via os homens como árvores que caminhavam.

A visão confusa, sem distinção completa dos objetos nos faz lembrar uma enfermidade muito comum nos seres humanos, chamada ASTIGMATISMO.

Astigmatismo é definido pela medicina como um problema no formato da córnea que impede o foco claro dos objetos de longe e de perto.

E voltando ao nosso “consultório oftalmológico missionário”, gostaríamos de testar novamente nossa visão, nossa compreensão a respeito da Obra Missionária.

No Presbitério de Itajubá somos diversas igrejas envolvidas com missões jaz faz vários anos. Nos quais Deus nos permitiu, tão somente por Sua Graça, o privilégio de participar da Seara, enviando nossos membros ao campo, sustentando, apoiando e orando por muitos obreiros em várias partes do mundo. Ninguém pode dizer que não enxergamos os campos de colheita, nenhuma pessoa poderia dizer que somos insensíveis às necessidades daqueles sem Cristo. Deus nos deu visão missionária. O PBIT é uma referência e modelo de envolvimento missionário para as igrejas no Brasil.

Contudo mesmo aqueles que enxergam podem ter pequenos distúrbios da vista que podem e precisam ser corrigidos. Parece-me que deveríamos analisar nossos olhos e ver se não temos um pouco de “astigmatismo missionário”.

O astigmatismo missionário eu o descreveria como a visão distorcida de alguns aspectos na Obra. Coisas que vemos parcialmente e confundimos o seu formato e desta forma gera-se incompreensões, limitações, erros, tropeços.

Passo a dar alguns exemplos para clarear o tema. Uma destas distorções é nossa compressão sobre a vida do missionário. Muitos de nós os consideramos como seres dotados de poderes e capacidades especiais, quase como super-heróis. O resultado mais comum é pensar que eu ou meu filho não reunimos as condições para ser um missionário e que se trata de algo inatingível.

Outra distorção é pensar que o campo é um local de sofrimento e extremamente difícil para viver, e que o obreiro passa quase todo seu tempo no campo enfrentando lutas. Primeiramente isto não é verdade. E esta percepção do campo se deve também ao fato que muitos missionários em suas cartas e testemunhos contam muitas histórias difíceis e sofrimentos, olvidando-se de contar as muitas bênçãos e privilégios. Esta atitude, em minha opinião, forma um ciclo vicioso: um missionário que conta estórias tristes e uma igreja que gosta de ouvir estórias tristes, pois este no conceito de alguns é o bom missionário, aquele que sofre e que relata os sofrimentos. O resultado disto é o desinteresse e até mesmo o pavor de alguns pelo campo missionário, como se fosse uma terra inabitável.

Ainda relato outra distorção, o que chamo de “pioneirismo ultrapassado”. Que seria uma compreensão de que os campos onde enviamos nossos missionários são totalmente virgens e que não existe nenhum trabalho evangélico. Este enfoque equivocado ignora igrejas e denominações existentes na maioria dos campos, igrejas locais que esperam e necessitam do apoio de missionários que venham para somar ao trabalho existente e não para iniciar novas igrejas e ministérios. A conseqüência é diversas igrejas pequenas, e cada missão ou obreiro parecem querer fincar a sua própria bandeira.

Existem muitas outras distorções de nossa visão missionária que precisariam ser reajustadas. Equívocos em nosso enfoque que necessitam de óculos de correção, não uma correção humana, mas do Espírito de Deus. Por esta razão clamamos, “Dá-nos tua visão Senhor, olhos que possam ver...”. Olhos que possam ver os homens não como árvores, mas como homens sem Cristo e suas reais necessidades e a melhor estratégia para alcançá-los.





Dr. José Rocha Júnior*

Um comentário:

  1. Belíssimo o texto, parabéns! Que Deus continue os usando para divulgar essa obra maravilhosa. Concordo completamente as pessoas tem mesmo uma visão muito equivocada do verdadeiro significado de missões, de servir. Quanto as diversas igrejas em cidades pequenas, é realmente uma verdade, minha cidade é prova disso, resultado, um bunhado de igrejas pequenas e nada sérias divulgando uma doutrina rala e superficial enquando as sérias acabam perdendo um pouco o espaço. A assembléia na minha cidade é forte, mas a Presbiteriana(que eu congrego) não mais, falta apoio, mas pelo menos agora temos um salão para congregar, antes congregavamos na garagem da casa do missionário. Nem sempre foi assim, mas um missionário que passou por aqui desestruturou toda a igreja e há 4 anos um novo missionário muito dedicaso vem fazendo o "trabalho de Jeremias". Chegaremos lá. Abraço

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