domingo, 28 de fevereiro de 2010

Crianças e Discípulos

Como o movimento vaivém de um relógio, cada nova geração reage como um pêndulo aos “pecados dos seus antecessores”. Por mais gratos que sejamos pelos bens que herdamos, estamos prontos a “corrigir” as falhas que enxergamos em nossos pais.

Parece-me que isto está ocorrendo pela maneira como uma geração emergente enxerga a salvação e o crescimento espiritual.

Muitos jovens seguidores de Jesus acreditam que, no passado, dava-se muita atenção em ajudar outros a “serem salvos” através da decisão de receber a Cristo como Salvador. Nos dias de hoje, uma jovem e crescente comunidade espiritual prefere pensar em tornar-se um discípulo de Cristo. Ao invés de focar-se no livramento de um futuro julgamento, esta geração emergente vê a necessidade de submissão de todas as áreas da vida à influência e controle de Jesus como Senhor.

A nova perspectiva é importante. Muitos jovens evangélicos atuais cresceram em igrejas que não enfatizavam “discipulado” e “vida no reino”. Esses jovens reagem contra uma geração que se preocupava mais em ajudar outros a prepararem-se para a eternidade, do que em atender as necessidades de suas vizinhanças.

Na verdade, no entanto, os pais e avós dos jovens evangélicos de hoje estavam reagindo ao liberalismo e ao evangelho social da geração que lhes era antecedente. Seus esforços para esclarecer a necessidade de uma fé pessoal em Cristo e de crescimento na esperança da promessa do Seu retorno, os tornaram desconfiados por qualquer preocupação social ou ambiental.

Agora, novamente, o pêndulo está oscilando em outra direção. Em reação àqueles que veem a salvação como uma decisão de fé do tipo “uma vez salvo sempre salvo”, muitos jovens evangélicos discutem sobre o significado de trazer as necessidades de nossos vizinhos a Jesus. Ao invés de enfatizarem uma “decisão” de receber a Cristo, falam de um processo e jornada de fé que desvia nosso olhar do futuro para o presente; ao comprometimento com a cultura, não com a separação, e de ser salvo para a eternidade com o objetivo de trazer algo do eterno à terra.

À medida que são feitas as correções necessárias, é importante não perdermos algumas distinções muito claras que as prévias gerações já tinham alcançado.

Qualificações para os Discípulos — Jesus deixou bem claro que Ele pedia aos Seus seguidores que fizessem mais do que simplesmente decidir crer que Ele era o tão esperado Messias e Filho de Deus. Ele disse: “O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre” (Lucas 6:40).

Ele disse, “E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?”(Lucas 14:27-28)

Seguir Jesus envolve mais do que simplesmente apreciar as maravilhas do Seu perdão. Segui-lo nos desafia a colocar Cristo, Seu corpo, e Sua missão acima de todos os nossos compromissos naturais com o lar, trabalho e felicidade.

Esta chamada ao discipulado representa o nosso objetivo em sermos à imagem de Cristo, ao permitirmos que o nosso maior desejo seja juntarmo-nos a Jesus em Sua oração: “dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua” (Lucas 22:42). Este é o tipo de fé que nos capacita a seguir Jesus em nosso próprio momento e em nosso ambiente de convivência. No entanto, não é este o compromisso radical que nos faz nascer na família de Deus.

O que é necessário para nascer em Sua família — Por mais importante que possa ser o crescimento à semelhança de Jesus, as Escrituras também nos falam sobre a importância de primeiro tomarmos a decisão de confiar nele como Senhor e Salvador. Vemos isto acontecer com um dos ladrões que foi crucificado ao lado de Cristo. Ele não teve tempo para tornar-se um discípulo. O melhor que poderia fazer naquele momento era reconhecer sua própria culpa, voltar-se para Jesus, e dizer, “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:42-43).

Há também o prostrado pecador, que no templo orou dizendo: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” E Jesus disse que este homem “desceu justificado para sua casa” (ele foi declarado justo aos olhos de Deus, Lucas 18:13-14). Há também o carcereiro de Filipo que clamou a Paulo e Silas, “Senhores, que devo fazer para que seja salvo?” e eles responderam: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (Atos 16:30-31).

Muitos outros textos acrescentam que: “sem mérito”, e somente “pela fé” nas provisões de Deus para a nossa salvação podemos nascer “na família de Deus” (João 3:16; 5:24; Romanos 4:5; Efésios 2:8-9; 1 João 5:13).

A resposta é por: ambos/e — A salvação pessoal é o alicerce para a nossa fé espiritual e posicionamentos. Somente ao encontrarmos o perdão, a identidade “em Cristo”, podemos encontrar o sentido de segurança e paz que nossos corações almejam.

No entanto, de acordo com o Novo Testamento, o nosso nascimento na família de Deus é o início —, e não o objetivo final de nossa fé.

Tão importante quanto era para a geração anterior esclarecer a decisão sobre a fé salvadora e a esperança de um reino vindouro, a nova geração está correta ao enfatizar as diversas consequências que estão envolvidas em ser discípulo e seguidor de Jesus nos dias atuais.

Paulo não escreveu somente sobre a salvação pela fé, mas também sobre a necessidade de um comportamento que seja: “a fim de ornarem, em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tito 2:10). Desta maneira, muitos jovens evangélicos estão tornando visível a sua fé em Jesus. Através de suas preocupações por justiça social e reconciliação racial, demonstram que ouviram o que Jesus falou sobre o Bom Samaritano. Em suas preocupações com o meio ambiente, muitos estão demonstrando que ainda creem que “este é o mundo de nosso Pai”.

Mais uma vez, o desafio será recolocar o pêndulo no centro e pular fora no momento em que as decisões pessoais que envolvem salvação e uma vida de constante aprendizado e atitudes de discipulado estiverem em saudável equilíbrio.

Pai celestial, por favor, ajuda-nos a descobrir o que significa viver como um cidadão dos céus — enquanto demonstrarmos a nossa preocupação e cuidado com nossa geração, assim como o Senhor demonstrou pela geração do Seu tempo aqui neste mundo.



Mart De Haan - Ministério RBC

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