Em primeiro lugar fomos criados para viver na companhia de Deus (Gênesis 2). Ele nos criou para andarmos com Ele e termos nEle nosso amparo, amigo, parceiro... Infelizmente a humanidade fez a escolha de se afastar (Gênesis 3), e a despeito de todos os resultados amargos dessa decisão, insiste em dizer: “nos viramos bem sozinhos”.
E em segundo lugar, não fomos criados para nos bastarmos em nós mesmos. Deus mesmo disse: “Não é bom que o homem viva sozinho” (Gênesis 2.18 NTLH). Apesar do contexto ser o da formação do primeiro casal e do primeiro casamento, não creio quea idéia aqui seja só a de casamento, mas a de comunidade. O ser humano foi criado para o amparo da família e da comunidade, haja vista a ordem: “Mutiplicai-vos”.
Certa vez Jesus colocou perto de si crianças e disse aos seus discípulos: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis” (Lucas 18.16). Naquele momento Jesus estava propondo algo muito mais profundo do que normalmente nos damos conta. Ele estava dizendo, na verdade: Não se afastem de mim para que vocês não afastem seus filhos de Deus.
Sim! É verdade! Na maioria das vezes somos nós, os adultos, que afastamos nossos filhos de Deus. Não é questão de que os proibimos de se achegarem a Deus, ou de que deixamos de levá-los à igreja – apesar de que isso também acontece muitas vezes, mas nós os embaraçamos, criando empecilhos, quando por causa de nossas escolhas e atitudes os fazemos perceber que não achamos Deus tão importante assim. Pare pra pensar... Não foi esse o pecado de Eva e de Adão?
Deus nos criou para o contexto da comunidade e instituiu a família como a primeira célula dessa comunidade. Deus se revela aos filhos principalmente através dos pais. Da mesma forma que, fisicamente, as chances de sobrevivência das crianças são infinitamente pequenas sem a presença dos pais (ou adultos que façam o seu papel), assim também as chances de sobrevivência espiritual das crianças é quase inexistente, sem o amparo de adultos (pais) que os levem a Deus.
Jesus chamou para perto de si os seus discípulos e disse: Eu sou o caminho. Depois chamou as crianças, e então disse a seus discípulos: Não criem embaraço a elas, mas as ajudem a encontrar o caminho. Será tão difícil ver que, mesmo quando estamos dominicalmente na igreja, passamos a obstruir o caminho, através de uma vida onde tudo é mais importante que Deus (trabalho, amigos, dinheiro, vida social, etc.), ou através de uma vida desonrosa (cheia de mentiras, maledicências, fofocas...)? Isso só mostra a elas que nós não conhecemos o caminho.
Sabemos que crianças não são inocentes sem pecado – a natureza delas é tão pecaminosa quanto a de qualquer adulto. Mas elas têm a atitude necessária para receber o reino de Deus; elas têm um coração ensinável (Mateus 18.1-4; Marcos 10.15). O que vamos fazer com isso?
Só se aprendermos com as crianças a ter um coração parecido com o delas, e com esse coração nos achegarmos a Cristo, é que seremos capazes de levá-las a Deus. Que Deus nos abençoe, a nós e a nossos filhos nessa jornada!
Rev. Gilson Quelhas
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