Tiago, líder da igreja de Jerusalém,
escreve para as doze tribos da dispersão, gente que estava vivendo no vale do
sofrimento, perdendo seus bens e sua liberdade. Para esses crentes fuzilados
pelos ventos da perseguição, Tiago traz uma palavra de encorajamento.
Destacaremos, aqui, alguns pontos importantes:
1 - As provações na vida do crente são
necessárias.
Tiago escreveu: “Meus irmãos, tende por
motivo de toda alegria o passardes por várias provações (Tg. 1.2). Passar pelo
vale da prova não significa ausência do amor de Deus. Ser provado não é falta
de fé nem expressão de imaturidade espiritual. A prova é diferente da tentação.
O inimigo nos tenta para nos enfraquecer; Deus nos prova para nos fortalecer. O
inimigo nos tenta para nos derrubar; Deus nos prova para nos transformar. Um
atleta só tem um desempenho notório quando se submete à disciplina das provas.
Através das provas, Deus vai esculpindo em nós o caráter de Cristo. Por meio do
sofrimento, Deus vai nos burilando e nos tornando semelhantes a Cristo, que
aprendeu pelas coisas que sofreu.
2 - As provações na vida do crente são
variadas.
Tiago diz que os crentes passam não por
poucas, mas por várias provações. Essa palavra significa “de diversas cores”. Há
provas amenas e provas severas. Há provas leves e provas pesadas. Há diversas
tonalidades de provas. Para cada prova, entretanto, há uma
graça especial de Deus que nos capacita a enfrentá-la. Deus não nos prova além
de nossas forças. Com a prova, Deus provê também o livramento. As provas não
são produto do acaso, mas têm sua gênese na soberana providência divina. Mesmo
quando o diabo e suas hostes lançam seus dardos inflamados contra nós, Deus
transforma essas situações em bênção para nós. Podemos afirmar, com uma
convicção inabalável: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8.28).
3 - As provações na vida do crente são
passageiras.
As provas vêm e vão, mas nós
prosseguimos em nossa jornada rumo ao céu. Cruzamos desertos tórridos, descemos
a vales escuros, escalamos montanhas íngremes e atravessamos pântanos
perigosos, mas mesmo sangrando nossos pés nesse caminho estreito, marchamos
resolutamente rumo à bem-aventurança eterna. Nós nos alegramos não por ficarmos
nas provas, mas por passarmos por elas.
4 - As provações na vida do crente são
propositais.
O projeto de Deus é nossa maturidade
espiritual. A provação produz perseverança e a perseverança tem como objetivo
sermos perfeitos e íntegros, em nada deficientes (Tg. 1.3,4). Não há maturidade
espiritual sem prova. Não há fortalecimento das musculaturas da nossa alma sem
exercício. Somos provados para sermos aprovados. A fornalha das provações
queimam apenas nossas amarras. Deus nos predestinou para sermos conformes à
imagem do seu Filho e Deus está trabalhando em nós, transformando-nos de glória
em glória, na imagem de Cristo. O cinzel de Deus é a prova. As provações tem
como propósito nos desmamar das glórias deste mundo e colocar nossos olhos na
recompensa eterna.
5 - As provações na vida do crente são
enfrentadas com toda alegria.
Não somos como os estoicos que
acreditam num destino cego. Não vivemos debaixo do rolo compressor das
circunstâncias irremediáveis. Nossa vida é governada pelas mãos daquele que
está assentado na sala de comando do universo e governa o mundo. Alegramo-nos
não no sofrimento da prova, mas na convicção de que Deus está no controle de
toda e qualquer situação e utilizará até mesmo a nossa dor para o nosso bem
final. Afirmamos, portanto, com entusiasmo, que a alegria do crente é
ultra-circunstancial.
Rev. Hernandes Dias Lopes
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