Qual a definição de uma pessoa feliz, que se sente
realizada e satisfeita com a vida? Evidentemente não pode estar no sucesso
profissional e nem na quantidade de bens materiais. Todos nós conhecemos
pessoas que se sobressaíram nestas duas áreas, contudo estão entre as mais
infelizes deste mundo.
Oferecemos uma resposta diferente: A pessoa feliz é aquela
que tem um bom equilíbrio entre o serviço secular (ou eclesiástico) e a vida no
lar; que tem boa comunhão espiritual com os membros de sua casa, enfim, que
está no meio de uma família que anda com o Senhor em todas as circunstâncias. A
bíblia concorda com essa definição quando fala do homem que governa bem a sua
própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito, (1 Tm. 3:4).
Este equilíbrio não é fácil de ser mantido neste mundo
agitado, isto é equilíbrio entre as exigências da profissão e os deveres do
lar. Em momentos de crise entre a profissão e o lar, devemos decidir pelo bem
do lar. Por que? A norma bíblica responde: “Ora, se alguém não
tem cuidado dos seus (vizinhos próximos) e especialmente dos
de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente” (1 Tm. 5:8). O nosso
testemunho como cristão depende do equilíbrio entre a profissão e o lar.
Negligências no cuidado do lar são formas de negar a fé que confessamos.
Todos nós conhecemos casos de divorcio em que a causa foi
desequilíbrio entre a profissão e o lar, sem esquecer dos filhos cuja vida
emocional ficou quebrada pelo trauma de um lar destruído. O apóstolo Paulo
exorta: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes
deveres; porque, fazendo assim, salvará tanto a ti mesmo como aos seus
ouvintes) (1 Tm. 4:16).
É assustador quando entendemos que o nosso procedimento no lar pode contribuir
ou para a salvação ou perdição da nossa família. Podemos alcançar o devido
equilíbrio espiritual pela prática de três ações:
A primeira ação é: “Exercita-te pessoalmente na
piedade” (1Tm.4:7). Exercitar-se é uma palavra tirada do mundo dos
esportes, descrevendo um treinamento intenso a fim de alcançar uma boa forma
física. Todos nós temos visto pessoas correndo nas ruas e estradas; gastam
muitas horas se esforçando desta maneira na esperança de alcançar o devido
nível físico. A mesma intensidade de concentração tem de ser praticada a fim de
alcançar uma piedade que é aceitável a Deus.
Piedade significa ter atitudes corretas a respeito da
Pessoa de Deus, à semelhança de Davi quando se dirigiu a Deus: “Sê
exaltado, ó Deus, acima dos céus; e em toda a terra esplenda a tua
glória” (Sl. 57:11).
Quais são algumas destas atitudes que devem ser cultivadas
e exercitadas com intensidade? Uma dessas atitudes é o temor do Senhor. Este
temor é o principio da sabedoria (Pv. 9:10). Sem este temor,
uma forma de ignorância impera e provoca todo o tipo de desequilíbrio, decisões
precipitadas e respostas confusas. Este temor de Deus constrange os impulsos da
nossa natureza pecaminosa; é um medo de transgredir a santa lei de Deus. José
do Egito manifestou este temor do Senhor na presença da sedutora mulher de
Potifar quando exclamou: “Como, pois, cometeria eu tamanha maldade, e
pecaria contra Deus?” (Gn. 39:9).
Uma outra atitude a ser exercitada é a submissão diante da
lei de Deus. Esta lei revela a santa vontade de Deus para todas as pessoas do
mundo inteiro. Portanto a nossa atitude deve ser de uma constante
auto-apresentação de nós mesmos, nos termos das Escrituras: “Eis aqui
estou para fazer, ó Deus, atua vontade” (Hb. 10:9).
Piedade é uma disciplina particular que envolve o temor do
Senhor e uma submissão espontânea diante da autoridade absoluta da lei de Deus.
E quando esta piedade é praticada no lar, cada membro sentirá as repercussões
felizes da benção de Deus. O Senhor endireitará as veredas de cada um.
A segunda ação: “Torna-te padrão dos fies, na
palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1 Tm.
4:12).
Temos aqui cinco palavras que, quando são observadas no
lar, exercem uma forte influência nas áreas de união e edificação. São cinco
pilares que estimulam a confiança mútua.
- Na
palavra –
refere-se à honestidade. Temos de ser pessoas que falam a verdade com
prudência e autoridade, conhecidas como pessoas cuja palavra seja
verídica.
- No
procedimento – refere-se ao modo de
apresentar-se. O apóstolo Paulo podia desafiar a todos: “Sede meus
imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Co. 11:1). Temos de
oferecer direção no lar.
- No
amor –
refere-se ao ato de entregar-se a si mesmo em favor do outro. O próprio
apóstolo Paulo observava isso: “Eu de boa vontade me gastarei e
ainda me deixarei em prol das vossas almas” (2 Co. 12:15).
- Na
fé –
refere-se aquele corpo de doutrina, àquela convicção quanto à nossa
esperança espiritual. Temos de demonstrar uma tenacidade: Não posso me
demover desta verdade, ou, princípio.
- Na
pureza –
refere-se as nossas atitudes ou ações diante do sexo oposto.Neste mundo de
tantas aberturas e oportunidades na área do sexo, temos de manter uma
santa vigilância sem qualquer trégua. Portanto, cuidemos de nossas
palavras, vestuário e recreações em termos de livros, revistas, filmes,
novelas e lugares de lazer.
A vida se torna mais fácil quando podemos seguir um padrão
visível e aprovado. Tornemo-nos padrões para cada um dos membros que estão em
nosso lar.
A terceira ação é: “aplica-te à leitura, à
exortação, ao ensino” (1 Tm. 4:13). Devemos de ter tempo para
ler as Escrituras Sagradas com proveito. Cada pessoa no lar tem de parar numa
hora escolhida e, juntos, cantar, ler e orar diante do Senhor. Devemos zelar
para que a família unida preste culto a Deus.
A bíblia dá muita ênfase à família. O testemunho de Josué
reforça a nossa palavra: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js.
24:15). Quando Lídia foi batizada, todos de sua casa foram batizados (At.
16:15). A família do carcereiro teve a mesma
experiência, “ A seguir foi ele batizado, e
todos os seus. Então levando-os (Paulo e Silas) para a sua
própria casa lhes pôs a mesa; com todos os seus, manifestava grande alegria,
por terem crido em Deus” (At. 16:33-34).
Mas o texto não fala somente da leitura, fala também da
necessidade de exortar e ensinar. O culto doméstico propicia oportunidades
especiais para a prática destes deveres. Quando estamos lendo um dado trecho é
tão fácil exortar e dizer: Veja o que o texto fala sobre o procedimento do
jovem e da doutrina; da mesma forma, na questão do ensino, é tão fácil dizer:
Veja como o apóstolo enfatiza uma verdade: “ Fiel é a palavra (quando
à piedade) e digna de toda aceitação” (1 Tm. 4:8-9).
A leitura da escritura cria uma ambiente de paz, uma paz
que começa caracterizar as atitudes de todos os membros da família. A promessa
de Deus é esta: “Do Senhor é a salvação, e sobre o teu povo a tua
benção” (Sl. 3:8). “Derramarei o meu Espírito sobre a tua
posteridade, e a minha benção sobre os teus descendentes” (Is. 44:3).
A felicidade não é automática, ela tem de ser cultivada
pela prática de certas ações disciplinares. Estabelecemos um equilíbrio entre o
serviço secular e a vida no lar. A felicidade nasce no lar onde todos priorizam
valores espirituais, a piedade, os princípios de uma vida santa e
irrepreensível e o uso da leitura das Escrituras em culto Doméstico.
Rev. Ivan G. G. Ross
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