quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Quando só o Evangelho não basta




A criatividade (para não dizer outra coisa) do meio evangélico em nossos dias já extrapolou a barreira do ridículo. As invencionices e esquisitices proliferam como praga promovendo escândalos e desonra ao Evangelho de Cristo. 

Quando só o Evangelho não basta surgem as campanhas milagrosas onde o único beneficiado é o líder que embolsa    somas astronômicas de dinheiro. Vidas sofridas e machucadas são iludidas pelas falsas promessas de que Deus quer curá-las. Nem preciso dizer que a doença e o sofrimento para esses tais estão longe de serem instrumentos de Deus na vida daqueles que são Seus filhos (cf. Hb 12.6; 2Co 12.7-10) moldando-lhes o caráter à semelhança de Cristo (Rm 8.28-30).

Quando só o Evangelho não basta para atrair os pecadores a Cristo por meio de um sincero arrependimento, programações e eventos dos mais estapafúrdios são apresentados diferindo pouco ou nada do mundo com seus atrativos. Festas folclóricas que sempre estiveram associadas à idolatria e ao paganismo recebem uma roupagem “gospel”, mas, abrigando o velho lixo de sempre no seu conteúdo. Ringues e arenas são montadas dentro dos espaços de culto (antes eram chamados de “templos”) onde irmãos que praticam artes marciais e pugilismo se atracam numa “pancadaria santa”, e tudo isso com o propósito de atrair a atenção especialmente jovens.

Quando só o Evangelho não basta para manter as pessoas na comunhão da Igreja, líderes fazem de tudo para paparicá-las passando-lhes a ideia de que são tão importantes como se Deus existisse para agradá-las, e não o contrário. Certa feita ouvi da boca de um pastor que ele faria o que fosse necessário para segurar uma pessoa na sua igreja: “Se necessário for eu lambo o chão para que essa pessoa continue conosco”, e ele disse isso com convicção. Eu lhe respondi: “Deixe de ser tolo. Se essa pessoa não permanecer por causa do sangue de Cristo, não será a sua saliva que a segurará na Igreja”.

Quando só o Evangelho não basta, as experiências sobrenaturais e sensitivas dão lugar à pureza e ao poder do Evangelho, e por isso mesmo já não se pode dizer como Paulo disse: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Tais experiências, como Paulo alertou o jovem pastor Timóteo têm “forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder” (2Tm 3.5). E como tais experiências que embora afirmem ser demonstração do poder de Deus não o são de verdade? Quando elas não produzem nenhuma mudança no coração e caráter das pessoas; quando a única mudança que se vê nessas pessoas está somente num linguajar cheio de jargões que mais parecem fórmulas mágicas (“tá amarrado”, “eu decreto”,”eu ordeno”, “tomo posse dessa bênção”, “só Jesus nessa causa”, “eu concordo com sua prosperidade”, etc.), mas, a maledicência (fofoca, calúnia, mentira, etc.) ainda está muito bem viva em seus lábios e corações.

Quando só o Evangelho não basta para orientar os corações em busca do verdadeiro sentido da vida (viver para a Glória de Deus), as psicologias, as terapias, as filosofias, a antropologia, a sociologia e todas as outras “ciências” inventadas pelo homem para entender a si  mesmo e responder aos seus dilemas invadem os púlpitos (que em muitas igrejas agora são chamados de “palcos” e até mesmo “altares”) e assim o povo é alimentado com o que o homem produz e não com a Palavra de Deus. Por esse motivo vemos tanta gente definhando, tantos corações confusos dentro das igrejas por que não são mais confrontados com a Palavra de Deus, mas, bajulados com a falácia dos homens.

Quando só o Evangelho não basta… Mas, quando ele não basta?  Quando nosso orgulho nos impede de reconhecer nosso pecado e pecaminosidade, bem como nossa total carência e dependência da Graça de Deus.

O Evangelho jamais perderá o seu poder porque ele é a maravilhosa notícia vinda dos céus na pessoa de Jesus Cristo, e como tal sempre cumprirá aquilo que é do agrado de Deus (Is 55.11). Como alguém disse: “O mesmo sol que amolece a cera, endurece o barro”. Resta saber agora se você é cera ou barro diante do Evangelho.

Um comentário:

  1. Espetacular! É exatamente isso que compartilho. Igrejas estão deixando de ser e ter o proposito de pregar a salvação, a vinda de Jesus e querendo apostar na prosperidade, campanhas etc e tal... O poder de Deus nunca mudou, pessoas devem ter a certeza que nós somos a igreja de Jesus..... a igreja(templo) apenas é uma construção feita por homens que serve de lugar para comunhar com os de mesma fé, e não tirar desse o foco.

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