sexta-feira, 1 de março de 2013

O mal que está camuflado



Para ser sincero, não sei se está tão camuflado assim.
Nesses dias de férias resolvi levar minha família ao cinema. O filme que escolhemos trata de um vilão dos videogames que, cansado de estar sozinho e ser execrado pelos demais por ser mau, vivia no lixão enquanto seu rival, o mocinho do filme era amado e benquisto por todos, afinal, o mocinho é bom. O vilão então decide sair do seu jogo e realizar um ato heroico (no caso era conquistar uma medalha concedida aos vencedores) a fim de que pudesse mostrar a todos que ele, o vilão, era capaz não só de fazer algo bom, mas, de ser bom. Num determinado momento do filme, ele participa de uma terapia para vilões na qual vários vilões compartilham também suas frustrações por não serem amados pelos demais e sempre serem vistos como a escória. O tal vilão disse que queria só uma coisa: ser bom e mostrar para todos que ele tinha condições de ser bom. Aí então é dita uma frase que se torna o lema do filme: “Sou mau e isso é bom; nunca serei bom e isso não é mau. Sou quem sou”.
A princípio, dentro do contexto do filme e para os propósitos que ele se propõe  essa frase não teria nada de errado, pois, o filme trabalha a auto aceitação, e, assim, o tal vilão, mesmo sendo o representante do mal neste filme deveria saber que era necessário. Mais para o fim do filme é declarado que o mal é necessário para que o bem exista. Essa questão da “auto aceitação” virou uma praga do inferno em nossa geração, e até mesmo dentro das Igrejas. A solução para os dilemas das pessoas, hoje, está na auto aceitação. Se eu me aceito como sou, então os outros que deem seus pulos para me aceitar. Um dia desses ouvi da boca de um pastor reformado e de renome, numa palestra para pastores na sua maioria, reformados, dizer que os jovens e adolescentes de hoje estão muito à frente de nós, pois, não são preconceituosos. Se na Igreja entrar alguém cheio de tatuagens, correntes, brincos e outros adereços, nossos adolescentes e jovens os receberão sem olhares de preconceito. Sou contra qualquer forma de preconceito, mas, pergunto se essa afirmação procede mesmo. Nossos jovens não são preconceituosos? Experimente falar de Jesus para um grupo de jovens em uma escola, ou convidá-los para um encontro de jovens em sua Igreja e você verá que existe não somente o preconceito, mas, rejeição à Palavra de Deus.
Voltando ao filme, essa frase-lema me deixou assustado. No fim do filme, o vilão viu que ele era “necessário” como alguém mau, pois, sem ele o jogo do qual ele fazia parte não teria sentido algum. Observe comigo as implicações malignas dessas afirmações e conclusões.
1) Não importa quem você seja, o que importa é você se aceitar como você é. Só assim, os outros darão o devido valor a você.
2) Não lute contra a sua natureza, pois, você nunca deixará de ser quem você é, não importando o que você queira fazer para mudar sua natureza.
3) O mal não é mau, e o bem, não é bom. São apenas duas forças que coexistem e enquanto estiverem equilibradas tudo estará bem.
Agora como isso se encaixa com a Palavra de Deus, a nossa bússola? Simplesmente, não se encaixa.
Auto aceitação ou auto renúncia?
Em lugar algum a Escritura Sagrada nos ensina que devemos nos amar mais, nos aceitar como somos e nos conformar com nosso estado de pecado. Pelo contrário, o Senhor Jesus nos diz: “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9.23). O chamado para seguirmos a Cristo, isto é, sermos discípulos Dele começa na auto renúncia: negarmo-nos a nós mesmos, e todos os dias tomarmos a nossa cruz, ou seja, crucificarmos dia a dia o nosso eu, nossas vontades, nossas paixões que são contrárias à Palavra de Deus, pois, afinal, cruz é instrumento de morte.
Além disso, o Senhor Jesus também nos ordena: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.  38 Este é o grande e primeiro mandamento.  39 O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.37-39). Quando Ele diz que devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos, não está dizendo que primeiramente devemos nos amar para depois amar os outros. É justamente o contrário disso. Ele parte do fato de que já nos amamos demais e que, por isso mesmo, devemos desviar de nós esse amor e volta-lo ao nosso próximo.
Poderia citar muitos outros textos bíblicos mas, esses dois já nos mostram que não é de auto aceitação que necessitamos, mas, sim, de uma vida centrada em agradar a Deus e em socorrer e ajudar os outros.
Transformação da natureza ou conformação com o pecado?
Outro ponto aqui é o que o filme ensina: não é possível (e nem mesmo necessário!) ter sua natureza transformada, pois, você deve ser quem você é porque você é necessário como você é. A Bíblia nos diz em 2Coríntios 5.17: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. É não somente possível como necessário haver uma transformação no caráter da pessoa, o que ocorre somente quando a pessoa “está em Cristo”, ou seja, teve seus olhos espirituais abertos pelo Espírito Santo (Efésios 1.18) e agora pode compreender as maravilhas do Evangelho e nelas permanecer confiante no Sacrifício de Cristo. Sim, quem está em Cristo é nova criatura, tem seu caráter transformado e amoldado conforme o caráter de Cristo (Romanos 8.28-30).
Todos nós nascemos totalmente maus e depravados; Deus olhando para cá não viu um justo sequer (Romanos 1.18-32; 3.12). Então, como é possível para seres tão pecadores assim entrarem nos céus? Somente porque são transformados pelo sacrifício de Cristo.
Transformação da natureza não somente é real como também necessária.
Equilíbrio entre o mal e o bem?
A Palavra de Deus é muito clara quanto a esse assunto: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Isaías 5.20).
A crise moral dos nossos dias se deve a esse conceito maligno de que o mal e o bem são relativos. Aquilo que eu posso julgar como “mau” outra pessoa pode julgar como “bom”. Estamos em situação muito pior do que a dos adeptos de seitas que dizem que o bem e o mal são duas forças coexistentes com a mesma intensidade de poder por isso precisam ser equilibradas para que a harmonia da vida seja mantida. Sim, nossa situação é muito pior, pois, pelo menos nessas filosofias que pregam um equilíbrio entre o bem e o mal, admite-se que são duas forças antagônicas. Mas, o relativismo dos nossos dias vai escancaradamente de encontro ao que a Bíblia ensina. A Palavra de Deus deixa bem claro que o mal é mau e o bem é bom; o mal é a expressão do caráter pecaminoso e maligno, e o bem, expressão do caráter de Deus. Além disso, apesar de serem forças contrárias, jamais serão iguais em poder, pois, o bem procede de Deus, e o mau, do pecado, do diabo, do inferno. No Reino de Deus, o diabo e o inferno é só um mero detalhe. O pecado foi anulado na Cruz. Portanto, não há e nem poderá haver qualquer equilíbrio entre o bem e o mal.
Abra bem os olhos
Quero aqui, antes de encerrar, chamar a sua atenção para uma propaganda mentirosa que tem sido pregada especialmente pelo Cinema nestas últimas décadas. O anti-herói tornou-se herói. O herói do filme fala palavras torpes, mata a torto e a direito, faz justiça com suas próprias mãos, mente, adultera, e, no fim, se dá bem. Além disso, a indústria do cinema que é uma fábrica de ideologias (Adolf Hitler explorou muito bem isso!) tem pregado uma total desesperança. É claro que nem todos os filmes trazem mensagens ruins; há muita coisa boa. Mas, muitos filmes estão ensinando que os pais são antiquados e ultrapassados em seus costumes, e que os filhos (quase sempre adolescentes) ao se rebelarem contra os pais descobrirão algo que ninguém sabia e que vai mudar o mundo. Ensinam que não importa o que você tiver que fazer para conseguir algo que queira, o que importa é conseguir. Ensinam que tudo o que cheira moralidade deve ser desprezado, pois, a moralidade só escraviza e prende o seu coração, afinal, a liberdade é não ter ninguém lhe dizendo se o que você quer fazer é certo ou errado, pois, o certo e o errado são apenas “pontos de vista”.
Não se iluda, a ideologia dos nossos dias é declaradamente contra Deus, é ateia até a raiz dos cabelos. E isto está bem claro no Cinema.
Rev.Olivar Alves Pereira
São José dos Campos, 16/01/2013.

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